A Ubisoft anunciou em 28 de março de 2025 a criação de uma nova subsidiária que reunirá suas franquias mais icônicas — e a gigante chinesa Tencent já garantiu uma fatia generosa do bolo.
Em uma jogada estratégica que pegou muitos de surpresa, a Ubisoft revelou a criação de uma nova subsidiária destinada a gerenciar e expandir algumas de suas franquias mais valiosas: Assassin’s Creed, Far Cry e Rainbow Six. E não demorou para a Tencent, uma das maiores empresas de tecnologia da China, garantir sua posição. A multinacional adquiriu 25% de participação nessa nova entidade por €1,2 bilhão, avaliando a subsidiária em cerca de €4 bilhões.
O que está por trás dessa reestruturação?
A verdade é que a Ubisoft não tem vivido seus melhores dias. Títulos atrasados, cancelamentos e um desgaste evidente na fórmula de suas franquias fizeram com que a empresa perdesse força nos últimos anos. Criar uma nova subsidiária e atrair investimentos pode ser visto como uma manobra de sobrevivência — e, sinceramente, uma forma de ganhar fôlego sem ter que vender o controle da empresa inteira.
A escolha da Tencent como parceira não é coincidência. A empresa chinesa já tem presença massiva no setor de games, com participações em estúdios como Riot Games, Epic Games e Supercell. Ao investir nessa nova estrutura da Ubisoft, a Tencent amplia ainda mais seu domínio global — e garante acesso direto a franquias com reconhecimento mundial.
Para a Ubisoft, um negócio necessário — mas arriscado
Por mais que a Ubisoft tente pintar a novidade como uma “evolução estratégica”, o movimento escancara uma fragilidade que o mercado já vinha percebendo. A empresa precisava de liquidez. Com esse aporte, ela não só reduz dívidas como consegue manter a independência formal da marca principal.
Mas é impossível ignorar o peso da Tencent nesse cenário. Apesar de ser “apenas” uma acionista minoritária nessa subsidiária, a influência da empresa chinesa em qualquer negócio em que entra é notória. Resta saber se a Ubisoft conseguirá manter sua identidade criativa a longo prazo — ou se veremos mais um estúdio ser engolido pela pasteurização que muitas aquisições orientais acabam impondo.
E o que a Tencent ganha com isso?
Para a Tencent, é mais uma peça no tabuleiro. O investimento amplia sua presença no Ocidente e reforça sua estratégia de diluir riscos enquanto fortalece sua linha de IPs internacionais. Com o mercado chinês cada vez mais regulado, a empresa busca novos horizontes — e franquias como Assassin’s Creed têm apelo global suficiente para justificar o investimento.
Além disso, a nova subsidiária da Ubisoft terá foco em experiências recorrentes, conteúdo vivo e jogos multiplataforma — exatamente o tipo de produto que a Tencent domina em seu portfólio. A convergência entre os modelos de negócio das duas empresas parece inevitável.
E os acionistas, como ficam?
A resposta curta é: por enquanto, aliviados.
Logo após o anúncio, as ações da Ubisoft subiram mais de 10%, chegando a €14,30. A empresa, que vinha em queda livre na bolsa, ganhou um respiro. A capitalização de mercado saltou para €1,9 bilhão, o que mostra que o mercado recebeu a notícia com entusiasmo — pelo menos num primeiro momento.
Mas vale o alerta: essa alta repentina pode ser mais um reflexo da empolgação inicial do que uma sinalização de estabilidade. Para os acionistas, o investimento da Tencent é um voto de confiança no valor das franquias — mas também uma admissão de que a Ubisoft, sozinha, estava perdendo tração.
A médio prazo, tudo depende da execução. Se a nova subsidiária entregar conteúdo relevante e revitalizar as IPs da casa, o retorno será sólido. Caso contrário, esse aumento nas ações pode virar só mais uma lembrança de um pico momentâneo em meio ao caos.
Opinião: é uma aposta de alto risco — o tipo de movimento que pode tanto salvar a empresa quanto selar sua dependência de capital externo. Os acionistas devem ficar atentos aos próximos trimestres.
O que podemos esperar no futuro?
Com essa nova estrutura, é bem provável que vejamos:
- Expansão agressiva de conteúdo em jogos como Rainbow Six Siege e Assassin’s Creed Infinity;
- Maior integração de elementos “live service” nas franquias clássicas;
- Possível adaptação de jogos para o mercado asiático, especialmente o chinês;
- Um olhar mais comercial e menos autoral sobre o futuro das franquias.
Como fãs, o sentimento é de cautela. A Ubisoft precisava de um respiro — mas vender parte de suas joias para a Tencent pode custar caro a longo prazo. Ainda assim, se a nova estrutura entregar jogos de qualidade, com equilíbrio entre inovação e respeito às raízes das franquias, talvez o risco valha a pena.
Que matéria espetacular, eu estava muito curioso para entender oq poderia acontecer com os acionista no meio dessa manobra louca que a Ubi fez.